Por Edilson Silva
Hoje, 20 de novembro, lembramos a
Imortalidade de Zumbi dos Palmares. Foi num 20 de novembro que ele tombou em
combate em defesa da liberdade e da comunidade dos quilombos. O povo brasileiro
lhe faz uma bonita e necessária homenagem, transformando esta data no Dia da
Consciência Negra.
O movimento negro organizado no
Brasil estende a data para todo o mês de novembro, fazendo deste o Mês da
Consciência Negra, em que se busca trazer à superfície da sociedade a
problemática da questão racial na história do Brasil – como o episódio
histórico da Revolta da Chibata, num 22 de novembro de 1910, liderada pelo
marinheiro João Cândido -, e também sobre as desigualdades e discriminações que
ainda persistem na sociedade brasileira. É dispensável trazer aqui as fartas estatísticas
que desnudam esta realidade.
Todos os anos, porém, como numa
claque mecânica, há os que insistem no clichê: “e porque não tem também o Dia
da Consciência Branca?”. Não raro, estes são os mesmos que no Dia Internacional
da Mulher questionam sobre o Dia do Homem; no dia do Orgulho LGBT questionam
sobre o Dia do Orgulho Heterossexual. A estes, sempre respondemos que estas
datas se colocam como momentos de reflexão e atenção para uma opressão muito
real sobre estas populações.
Dia desses, para minha surpresa, me
deparei com um “amigo” de redes sociais, que critica a organização de
populações historicamente oprimidas, reclamando do “povo do sul-sudeste” que
discrimina o nordeste e os nordestinos. Não perdi a oportunidade. Em tom
irônico lhe disse que isto era invenção da cabeça dele e que não existia este
negócio de pessoas e grupos no sul-sudeste com sentimentos e práticas
discriminatórias e xenófobas com o nordeste. Num instante os papéis se
inverteram e ele passou a defender que existia discriminação sim.
Opressões, discriminações, violências
simbólicas, psicológicas e físicas são praticadas sim, e temos que incentivar
que estas populações que sofrem estas violências se auto-organizem, criem
visibilidade para suas causas e coloquem-nas na pauta dos problemas a serem
resolvidos pela coletividade. Por isso, saudemos todos hoje o Dia da
Consciência Negra, em favor da harmonia entre os povos, em favor da tolerância
e da convivência entre todas as culturas e do respeito profundo aos direitos
humanos de cada indivíduo que conosco convive, direta ou indiretamente, neste
mundo.
Presidente do PSOL-PE e ativista das
causas da população afrodescendente
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