Garrincha, em minoria, podia dissimular movimentos
para enganar e chegar ao objetivo. PSOL não é futebol.
Após o recente Diretório Nacional do PSOL, em que as resoluções aprovadas e já divulgadas falam pelas maiorias democraticamente constituídas no partido, os setores que não alcançaram seus intentos vem a público disputar versões que possam justificar seu insucesso e buscar animar sua tropa para manter a autofágica luta interna no PSOL. O autodenominado bloco de esquerda, que na verdade é um pólo esquerdista - no sentido politicamente pejorativo que Lênin emprestou ao termo - com o agravante de um forte viés oportunista no nosso caso, lança mão de inverdades e da má-fé para construir sua unidade, o que já é um segundo agravante.
A
bem do debate franco, honesto, fazemos este esclarecimento aos nossos
militantes, filiados e amigos do partido, pois não podemos permitir que flagrantes
inverdades corram soltas sem os contrapontos que tragam o debate ao terreno da
mínima honestidade intelectual. As inverdades do esquerdismo psolista precisam
ser trazidas à luz, uma a uma, e vamos trata-las aqui, não com o objetivo de
polemizar, mas tão somente de esclarecer, num momento em que o pântano político
e a desinformação servem de instrumento na luta política interna.
É
verdade que o Diretório Nacional do PSOL começou com grande atraso, como afirma
a nota do pólo esquerdista. Não foi a primeira vez e nem foi a última que isto
aconteceu. Nosso partido, pela natureza da sua composição interna, com muitos
agrupamentos, exige esforço de sínteses entre estes agrupamentos. Por inúmeras
vezes já tivemos que fazer intervalos em reuniões em andamento do Diretório e
até em congressos do PSOL, para fazer estes esforços. Portanto, não é novidade
no partido esta metodologia, inclusive já tivemos diretórios em que a reunião
foi suspensa por várias horas enquanto os dirigentes Roberto Robaina e Jorge
Almeida - dirigentes deste pólo esquerdista hoje, reuniam-se a portas fechadas
num quarto de hotel para fazer acordos de votação. Política se faz assim, com
conversas, acordos, sínteses, emblocamentos a partir da aproximação de posições
políticas, e isto não pode ser direito só de alguns, mas de todas as forças
dentro do partido. Foi graças a este esforço que o esquerdismo perdeu grande
força de seu discurso, pois não esperavam o gesto maiúsculo de dirigentes como
Edmilson Rodrigues, de reconhecer desequilíbrios e erros cometidos na condução
da sua campanha, e isto foi um importante processo de convencimento político,
onde creio que todos aprendemos e ganhamos.
A
nota do esquerdismo age com desonestidade e deslealdade ao afirmar que o
dirigente Martiniano Cavalcante "recebeu" dinheiro de Carlinhos
Cachoeira. Já foi comprovado, inclusive junto à própria CPMI, que na verdade
aconteceu um empréstimo que foi pago, repito, comprovadamente, com juros de
agiotagem. É até admissível que filiados de base, desinformados ou desonestos,
façam acusações e condenações levianas, mas é lamentável e repugnante que
integrantes da direção do partido comportem-se de forma tão menor.
Não
é verdade que houve ampliação indevida do número de membros do Diretório de 61
para 62 membros e que esta vaga a mais deveria ser do MES, como afirma o pólo esquerdista.
Foi votado por consenso no Diretório Nacional do PSOL, ainda em 2010, que o CARGO
de presidente da Fundação Lauro Campos deveria compor a Executiva Nacional do
PSOL, entrando este na lista de chamadas pela proporcionalidade qualificada.
Assim, a Executiva passou a ser composta por 18 membros (antes eram 17), e o
Diretório passou de 61 para 62 vagas. O que o pólo esquerdista reivindica agora
é que, como eles "chamaram" o CARGO da presidência da Fundação Lauro
Campos, deveriam ter mais uma VAGA no Diretório. Eles confundem - por
oportunismo ou por ignorância, que todas as 62 vagas do Diretório devem ser
preenchidas observando-se o critério da proporcionalidade direta, ou
seja, quando preenchem o cargo da presidência já ocupam ao mesmo tempo uma vaga
respectiva no Diretório, a vaga no diretório e o cargo na Executiva são um só. Esta
informação está registrada em ata pública junto ao TSE desde fevereiro de 2012
e já houve inclusive um Diretório Nacional com esta configuração e nunca foi
feita esta “observação”, ou seja, trata-se de factoide de quem quer arrumar explicações
para tentar justificar sua falta de votos para ser maioria, buscando gerar um
efeito psicológico em sua militância, um discurso oco de uma suposta vitimização.
Ademais, este pólo esquerdista nas duas últimas reuniões nacionais sequer
conseguiu mobilizar todos os seus membros para comparecer às reuniões. Faltaram
membros tanto na Executiva Nacional quanto no Diretório, portanto, está nítido
que a condição de minoria deste pólo – muito digna, é preciso dizer, se dá, em
parte, não por supostas manobras das maiorias, mas, entre outros fatores, por
sua absoluta falta de capacidade de se autoconvencer da importância da
participação nos fóruns do partido, espaço real e presencial onde as decisões
democráticas são tomadas.
Não
é verdade que Marcelo Freixo tenha sido atacado por qualquer dirigente ou setor
do partido na reunião do Diretório. Pelo contrário, foi reivindicado como
protagonista de uma campanha vitoriosa no PSOL, uma referência. O que foi feito
por vários dirigentes, com justeza, foi apresentar a campanha ampla, de massas
e desprovida de dogmatismos que ali foi feita, recebendo recursos do empresário
Guilherme Leal, dono da Natura e vice da Marina Silva em 2010, assim como recebendo
apoio de lideranças do PSDB, assim como também ter declarado que alianças com o
PT e PDT são possíveis no Rio de Janeiro e que o melhor candidato a presidente
que o PSOL tem é Randolfe Rodrigues. Todos estes fatos omitidos de forma
desmoralizante pelos esquerdistas, que querem fazer de Freixo um porrete para
bater em outras lideranças do PSOL, como o Edmilson, Randolfe e Clécio. Quem
critica Freixo e aspectos de sua campanha são setores do esquerdismo, mas o
fazem em e-mails internos (que vazaram), afirmando que não o criticam
publicamente, AINDA, porque a bola da vez das críticas é o senador Randolfe
Rodrigues, ou seja, na fila da degola o Freixo tem um lugar cativo na
guilhotina do pólo esquerdista. É questão de tempo, segundo eles mesmos.
Por
fim, não é verdade que o pólo esquerdista colocou em votação resolução a partir
dos entendimentos com as deliberações da plenária de Belém. A proposta de
resolução em que este pólo votou foi aquela apresentada pela companheira Janira
Rocha – criticada por eles em sua nota -, momento, aliás, em que este setor
caiu de 26 para 25 votos, pois duas companheiras - tudo indica mais coerentes e
mais em sintonia com o que ocorreu em Belém, abstiveram-se. (segue nota da
Janira Rocha na íntegra logo abaixo).
Zerando
as ficções - que talvez sejam o limite da racionalidade possível neste pólo, quem
sabe possamos tentar entrar em debates de conteúdo para o nosso partido, pois
há sim um debate de diferenças importantes e que é positivo que se faça. O PSOL
deve manter seu leque de alianças aprovado para as eleições 2012? Quais os critérios
claros para financiamento privado de nossas campanhas? Por onde passam as
linhas de ação política principais para transformar a realidade brasileira na
direção do socialismo? Temos um oceano para remar no sentido da elaboração teórico-programática,
ante-sala inescapável para adentrarmos com mais protagonismo nestes temas. Infelizmente
o pólo esquerdista entrou na reunião do DN com a pauta exclusiva de expulsar Randolfe
e Clécio e também antecipar o IV Congresso do PSOL. Foram flagrantemente
derrotados. Coube a uma maioria sóbria aprovar um balanço realista e positivo e
aprovar também um plano de ação para o partido, que foi aprovado por consenso.
Ao debate, mas com honestidade.
Membro da Executiva Nacional do PSOL / Secretário Geral do PSOL
Texto de Janira Rocha apresentado na reunião do DN sobre Belém
A despeito da resolução sobre
alianças votada por nossas instâncias nacionais permitirem esta relação com o
PT, o que concordamos, essas alianças seriam feitas com setores progressistas
do PT, em contradição com seu núcleo duro e com o chefe do mensalão, Sr. Lula.
A presença deste primeiro escalão e
de Lula, mais do que um símbolo negativo, fere os próprios princípios
fundacionais do PSOL. É na prática a negação das contradições políticas e
morais que levaram Heloisa Helena e outros de nossos “radicais”, juntos com uma
ampla base partidária a romperem com o PT e fundar o PSOL.
A presença de Lula e seu primeiro
escalão no 2º turno em Belém, além de tudo, colocou-se em contradição com a ação
de vários outros militantes do PSOL que, ou como candidatos, como
parlamentares, ou como lutadores dos movimentos sociais fazem um enfrentamento
direto às políticas governistas e nefastas do PT.
Não pode ser que a presença de Lula,
enfrentando e derrotando Heloisa Helena em Alagoas, junto ao PDT em Macapá, e
junto à burguesia em outros estados nos enfrentando, não nos contradite com sua
presença no nosso espaço de TV.
Nossa estratégia passa pela derrota
do PT de Lula, do PT do mensalão, do PT que fez a reforma da previdência que
atacou direitos do povo brasileiro."
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